Para gostar de jazz



"Acredito que o leitor sincero merece ser avisado: não sou escritor. Mesmo não confessado explicitamente, tal fato restaria flagrante com o percorrer de tão mal pavimentadas linhas. Com profunda dificuldade tracei algumas canhestras notas sobre como gostar de jazz. Ao contrário dos arquitetos das letras, minhas observações brotaram muito mais da imitação e colagem do que da invenção e criatividade: imerso como um camponês no imenso e colorido campo de papoulas que é o jazz, recolhi aquelas flores que considerei mais belas e cujo extrato entendi ser capaz de produzir o mais intenso prazer ao ouvinte iniciante de jazz. Não se trata de obra exaustiva em extensão ou profundidade, escrita para historiadores, musicólogos ou completistas: trata-se apenas de um singelo guia elementar.

Outro alerta necessário: livros sobre música já escondem um aspecto de contradição em si. É impossível, através de tinta sobre papel, exprimir toda a beleza da música. O mundo escorregadio e rarefeito dos sons nunca foi adequadamente organizado com base na solidez dos sinais gráficos. Esse aspecto trágico não se altera muito nem mesmo com o advento das partituras, meras sombras daquilo que pretendem representar. No limite, não ultrapassam o status de presunçosas falácias. É como se ainda estivéssemos vivendo no interior da caverna de Platão, aquele local cuja iluminação insossa nos permite ver somente sombras turvas da realidade musical. Quem sai da caverna e vê a luz, como Parker ou Coltrane, já nasce, vive ou morre louco. Tampouco a rigidez matemática adotada pela música clássica européia pode solucionar a questão de subjugar a música a rabiscos: como intervir, por exemplo, quando há espaço para o intérprete improvisar, como é o caso de algumas obras de Bach ou Reich ? O caso específico do jazz é ainda mais complexo e indomável: não há qualquer possibilidade semiótica de escrevê-lo ou descrevê-lo em sua inteireza. Por isso, muitos músicos, críticos e amantes desse estilo musical dizem que o verdadeiro jazz é feito e deve ser ouvido ao vivo. Como um refinado prato, deve ser preparado, servido e consumido na hora. Veja o que nos diz Carlos Calado[1]:

Quando se vê Dizzy Gillespie tocando seu trompete-periscópio com as bochechas infladas como balões, Keith Jarrett se contorcendo ao piano em transe místico, Lionel Hampton fazendo malabarismos com as baquetas de sua bateria, os gestos messiânicos de Gil Evans regendo sua orquestra, Miles Davis curvando o corpo até quase tocar o chão com seu trompete vermelho, ou os happenings espontâneos de Hermeto Pascoal, a conclusão vem de imediato: o jazz é também uma arte visual. É uma manifestação que para ser percebida em sua totalidade deve ser presenciada ao vivo."


GAHH: O texto é demais! Continue lendo o no link acima. Parece que todas as pessoas que gostam de JAZZ, aprederam a gostar.  Foram apresentados à ele. Cada uma conta sua história de maneira quase mística como se o genero musical fosse uma entidade sagrada. Eu não fujo a regra! Tenho alguns jazzistas predilétos - gosto mais dos tradicionais: Chet, Ella, Goodman, saudoso Nouvelle Cuisine ... ...Ica! Tem muito coisa!

A imagem postada é um partitura da música "Thanks For Everything" de  Artie Shaw do ano de 1938.

Deixo vocês com música de melhor qualidade. Um Jazz contemporâneo que já viajei muito nele. Espero que curtam!

Até

Rose Rouge - St. German

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